quinta-feira, 29 de julho de 2010

Shows de rock são artigos de luxo no Brasil (parte 2)

Parte 2-Os preços

O que é o rock?
Walter Benjamin provavelmente diria que é mais um simulacro da indústria cultural para alienar os jovens, ou algo do tipo. Eu gosto de pensar que não é somente isso.
Para mim rock é uma manifestação popular, é uma arte que tenta modificar o comportamento, a política e, que além disso tudo busca promover diversão.
A diversão em si pode ser uma alienação, mas acredito que é também uma válvula de escape para tornar a vida mais suportável. Não que a vida seja insuportável, mas muitas vezes com o trabalho, a dificuldade para pagar as contas, problemas cotidianos, coisas teoricamente menores como uma música podem salvar nosso dia, ou até a vida.
Bruce Springsteen iria além dizendo que "nós aprendemos mais ouvindo em um disco de 3 minutos do que na escola".
Entendo que os grandes empresários do entretenimento brasileiro podem não ter essa minha visão social e talvez até romântica, então falemos de mercado.
Não é necessário dizer que nos EUA você consegue assistir shows de bandas como Pearl Jam por 20 ou 30 dólares, e que artistas como Paul McCartney ou Rolling Stones, não ultrapassam muito a casa dos 50 dólares.
Como o assunto do momento são os festivais, coloco aqui abaixo os preços dos principais festivais do mundo, em seguida pode-se fazer uma comparação com os valores praticados no mercado brasileiro.
Glastonbury-185 libras(passe para 4 dias de festival)
Reading ou Leeds-180 libras(passe para 3 dias de festival)
Coachella-269 dólares(passe para 3 dias de festival)
Bonnaroo-175 dólares(passe para 4 dias de festival)
Lollapalooza-175 dólares(passe para 3 dias de festival)

Os valores mudam um pouco, a quantidade de dias também, em alguns festivais como o Glastonbury, você não paga nem um centavo a mais para ficar acampado.
Apesar de oscilações e diferenças, a média mundial de um passe para todos os dias de um grande festival é de mais ou menos 388 reais, ou 115 dólares.
Se formos compararmos a economia de cada país, o salário mínimo vigente, o índice big mac etc, veremos que é um preço muito mais barato do que o praticado aqui no Brasil, mas nem é preciso fazer isso. Um festival brasileiro já é mais caro em preços absolutos mesmo.
É só ver o preço que está sendo cobrado pelo SWU, ou então fazer uma conversão do terra para 3 dias, que é a duração mínima de um grande festival no exterior. Você chegará a um preço mais salgado do que os cobrados no Reino unido ou nos Estados Unidos.

Dito isso, pode-se começar a pensar em qual seriam as justificativas dos organizadores para um preço tão abusivo.
Depois de pensar muito, a única justificativa plausível a qual consigo chegar, são as dificuldades logísticas(a baboseira das carteirinhas de estudante não cola, pois a maioria dos grandes eventos de música são caros até mesmo considerando a meia entrada).
Concordo que realmente existem algumas dificuldades na logística ao se trazer um artista internacional, mas duas coisas me intrigam:
1-Em compensação, os custos de mão de obra para montar um palco, segurança, divulgação etc não são mais baratos aqui no Brasil? Claro que são. Talvez até mesmo o aluguel do recinto.
2-Teria o Brasil uma dificuldade logística maior que Austrália e Japão em se tratando de uma banda americana por exemplo?

Shows de rock são artigos de luxo no Brasil (parte 1)

Parte 1-Os Organizadores

Em primeiro lugar é importante situar quem são os organizadores de festivais.
Lá fora, muitos dos grandes festivais são feitos por pessoas que gostam de música, que sempre viveram disso. Só para citar alguns exemplos, a Goldenvoice, que promove o Coachella, era uma organizadora de shows independentes de Los Angeles, por muitos anos eles tiveram um prejuízo enorme até se estabilizar como um grande festival.
O Glastonbury é um festival mais antigo que o Woodstock, é organizado por um fazendeiro que hoje é ajudado por sua filha, é o maior festival do mundo em todos os aspectos.
Por último gostaria de citar aqui o Lollapalooza, que é organizado por Perry Farrell, músico, vocalista do jane´s addiction e porno for pyros.
E quem são os organizadores desse tipo de evento no Brasil?
Empresários e grandes empresas.
Qual o intuito deles em fazer esse tipo de evento?
Os empresários estão preocupados com o dinheiro, enquanto as grandes empresas querem dar visibilidade à sua marca, é por isso que você ainda encontra festivais e shows com preços não tão abusivos como o Planeta Terra por exemplo.
Por esse motivo, talvez você nunca consiga ver aquela banda super independente que você ama aqui no Brasil, pelo fato de não gerar receita e nem visibilidade.

Amigadizagem II

Outro dia almocei com um amigo e, ele dizia que teve um insight, falou sobre destinar parte do salário a uma poupança, para poder se aposentar antes do tempo normal e com conforto.
Sempre quando temos um tempo pra pensar, temos algum tipo de insight, alguns tão grandes que chegam a ser quase uma epifania, eu tive um desses em 2007 e nem sabia.

Mudando um pouco de assunto, eu estava conversando com um amigo sobre a área vip de shows aqui no Brasil, ele dizia que gostava por ter mais espaço. Sobre tudo isso eu tenho algumas opiniões fortes.
Em primeiro lugar VIP significa "very important person" e não "very rich person", acho que até seria válido uma pequena área vip para namoradas e amigos da banda, organizadores e patrocinadores, uma área lateral, próxima ao palco que não interferisse na visibilidade de quem é fã.
É complicado assistir um show de longe e ver pessoas que conhecem 2 músicas e vão aos shows fazer colunismo social porque no Brasil agora show de rock é chique.
Meu amigo tentou justificar dizendo que quem não tem dinheiro pra pagar que não vá, e ainda falando que uma pessoa que ganha 500 reais não deveria pagar um ingresso de 200 já que um show de rock é uma coisa supérflua.
O caso é que quem vai a shows de rock não é quem ganha 500 reais, e não é justo cobrar 600 reais de uma área vip já que rock é uma manifestação popular, não é um artigo de luxo e nem um evento elitista como uma balada da vila olímpia ou uma ópera.
Escrevi tudo isso aqui não pra ilustrar uma discussão entre amigos, mas sim pra fazer um gancho com o meu próximo post, em que vou falar sobre os festivais.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sobre viagem e amigadizagem*

*amigadizagem é uma palavra mista que eu acabo de inventar que acho que quer dizer aprendizagem com amizade, o que você aprende com ou sobre os amigos, mas não tenho certeza, é provavelmente uma palavra que não vai pegar porque é grande e complicado de falar, mas quem sabe.*2
*2 o post provavelmente não vai ser só sobre isso

Em primeiro lugar eu gostaria de perguntar ao Ricardo Gomes, na verdade nem é uma pergunta, é uma afirmação. O Ricardo Oliveira é melhor com 1 perna do que qualquer outro jogador do SP, talvez não o Fernandão e o RC. Mesmo torcendo contra, me irrita quando o time joga muito mal, parece que eu estou perdendo meu tempo.

As viagens que eu fiz ultimamente, acabei me hospedando em hotéis baratos que não tinham o serviço de concierge, ou em casa de amigos. Amigos são melhores que concierges.
Na última viagem que fiz com a minha mãe, ficamos em hotéis legais.
Percebi que em Londres tínhamos o serviço de concierge e lembrei imediatamente do Michel J. Fox


Os caras eram amáveis, mais nada comparado ao j Fox

Outra dúvida, o que a Inglaterra tem contra o willcall?

Às vezes você vai a um lugar e pensa, "tomara que eu não precise voltar nunca mais aqui", às vezes você vai mais vezes a esse lugar e acaba gostando. Às vezes

Alguém achou que ficou bom o transplante de cara? Achei que o cara ficou um pouco bochechudo.

Adoro livros com um final sem final, já filmes nem tanto.

Hoje eu assisti Greenberg, e não era tudo o que eu achava. É um típico filme com boas falas, mas é legal que tem o Mark Duplass num papel secundário e a Greta Gerwig, que está sensacional no papel feminino principal. Os dois são figurinhas carimbadas de filmes "mumble core" que eu tanto gosto e falo a respeito.

Ouvi outro dia a seguinte frase: "amigos são muito importantes, não troco um amigo por fortuna nenhuma". Na hora pensei "troco qualquer amigo por qualquer fortuna", o que não é bem verdade, mas dá pra trocar vários. Aí há quem vá dizer, "se você troca é porque não é amigo de verdade", mas é difícil dizer, são conceitos difíceis, o que seria um amigo de verdade?

Depois de conversar com meu pai sobre coisas compradas por impulso, comecei a pensar quantas vezes deveria um produto ser usado para compensar a aquisição? Há quem vá dizer "muitas vezes", outros ainda vão falar "72 vezes", mas é difícil dizer, são conceitos difíceis, quem aqui já usou uma camisinha mais de uma vez?

Assisti recentemente ao filme Vanishing Point, legalzinho, me fez lembrar do audioslave, sempre achei o nome da banda bom apesar da controvérsia que teve quando foi lançado o primeiro disco da banda.
Chris Cornell explicou dizendo "sempre tive nomes legais pra banda, mas não tinha uma banda pra usar o nome, agora tenho uma banda legal e não tenho um nome bom, o que importa é a música e bla bla bla". O que com certeza ele não tem é boa memória, senão lembraria de algum nome legal que inventou na juventude e usaria pra batizar a superbanda. Ele também não deve dirigir muito bem, é clara a cara de medo do Brad Wilk no clipe de "show me how to live", ele chega até a segurar no puta que pariu algumas vezes. O Tom Morello pensa "eu quem devia tá guiando essa porra".
O diretor de Vanishing Point disse que sua intenção era fazer do carro(um dodge charger 1970, branco) a estrela do filme. Pra mim ele conseguiu.

Estava agora vendo alguns clipes do audioslave e, comecei a pensar que talvez tenha sido a banda que mais chegou perto da perfeição para todas as partes. Vou explicar
O Chirs Cornell podia ao mesmo tempo fazer músicas boas, fazer baladas, fazer bichísses, usar camiseta regata etc.
O Tom Morello continuava a ter visibilidade pra protestar contra seja lá o que ele queira protestar.
O Brad Wilk podia quebrar o baixo a vontade
O Tim Commerford podia fazer chapinha no cabelo sossegado.
Tinham músicas pesadas e baladinhas, é o tipo de banda que você e sua namorada poderiam ouvir juntos, já que sua namorada não ia querer ouvir as porradas do Soundgarden e você não ia querer ouvir as coisas melosas que o Cornell fazia solo.
É como assistir jogo da alemanha, sua namorada acha os jogadores bonitos e não reclama, você vê um jogo bom e ainda vê uns flashes de umas gostosas na torcida.
O clipe de cochise, tirando aquele abracinho falso no final, é das coisas mais fodas que já teve em videoclipe, ainda mais nas circunstâncias em que foi lançado etc.

Amanhã eu vou falar um pouco sobre insight e epifania, agora vou dormir, minha namorada me ensinou a usar um travesseiro reserva como proteção acústica, coisa de gênio.

*3-TODAS AS PERGUNTAS FEITAS NESSE POST SÃO RETÓRICAS, POR FAVOR NÃO PERCA SEU TEMPO RESPONDENDO

continua...




sexta-feira, 23 de julho de 2010

Convocação Muricy

Muricy foi nomeado o novo técnico da seleção, e eu já adianto aqui a convocação da próxima segunda-feira:

Goleiros:
Rogério Ceni
Bosco
Renan

Zagueiros:
Miranda
Alex Silva
André Dias
Breno

Laterais:
Richarlysson
Junior
Ilsinho
Souza

Volantes:
Hernanes
Josué
Edinho
Pierre
Jean
Souza(ferrugem)

Meias:
Jorge Wagner
Cleiton Xavier
Conca(a papelada de naturalização está encaminhada)

Atacantes:
Aloísio
Dagoberto
Borges*
Ricardo Oliveira

*Borges já está reclamando por ter que ficar no banco


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Wrong number

É impressionante como funciona a cabeça das pessoas.
Digo isso porque quando alguém liga em um número errado, ela nunca simplesmente se desculpa e desliga ao saber que a pessoa que atendeu não é exatamente a que ela queria falar.
É como se você virasse cúmplice dela, "você não sabe o telefone de lá?", ou então culpado, como se você quem estivesse atendendo o telefone no lugar errado e, não ela quem se enganou.
Tinha uma época aqui em casa que várias pessoas ligavam enganadas, achando que estavam ligando para uma empresa de produtos para piscina. Depois de ficar um pouco irritado com isso tudo, descobri qual era o telefone do lugar e, quando as pessoas ligavam pra cá, eu passava o número correto, só assim pararam de me incomodar.
Ainda me irrita um pouco quando as pessoas ligam errado e ainda querem que você dê uma explicação do por quê ela ligou errado.
Como é que eu vou saber minha filha? Eu só dei o azar de o meu telefone ser a exata combinação do telefone que você queria ligar e o número que por acaso você errou, mero acaso, da próxima vez preste mais atenção ao discar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A Rota 2010

Tudo começou em 2003, quando um amigo que morando em São Paulo, disse para outros que moravam em Ribeirão Preto.
"Estou indo aí comemorar meu aniversário, o que a gente vai fazer?"
Depois das mais esdrúxulas ideias, chegou-se ao consenso de fazer uma rota de bares entre o pinguim do shopping santa úrsula e o do ribeirão shopping.
O mote era "12 cervejas e a conta, por favor"(já que eram 12 amigos).
No segundo ano o evento cresceu, o início mudou para o pinguim do centro. Foi a primeira vez com camisetas, mas o trajeto ainda não era feito completamente a pé, os maratonistas etílicos deixavam carros espalhados em pontos estratégicos aka pontos em que a distância a ser percorrida sem bares no caminho fosse muito grande.
O terceiro ano marcou o projeto "full foot" feito totalmente a pé. Com isso também aumentou o número de bares no caminho e, criou-se os famosos "bônus round", bares, botecos, carrinhos de lanche ou seja lá o que for que por algum motivo não foram incluídos, mas que estejam vendendo cerveja.
Assim como os bônus round, outras peculiaridades foram inventadas espontaneamente pelos participantes, como a "invasão" do coreto, a negociação do chopp extra no cine cauim, a foto em "ouro preto".
Para quem nunca foi, essa será a oitava edição. Como sempre existem kits com camisetas e canecas, provavelmente já esgotados, pois eles são feitos sob encomenda.(mesmo assim encha o saco do Véio, às vezes pessoas faltam e sobram algumas unidades)
Mesmo assim quem só ficou sabendo agora, não tem problema, não é preciso ter camiseta nem pagar entrada para participar, basta estar presente na esplanada do teatro Pedro II no sábado, dia 24 a partir das 15:30h, e estar disposto a tomar 23 cervejas, uma em cada bar, e caminhar até o destino final.

Abaixo algumas dicas para marinheiros de primeira viagem:

1-Leve dinheiro trocado, cada um é responsável por pagar sua própria cerveja e isso facilita na hora de acertar a conta
2-Não deixe para almoçar muito tarde, mas também não vá de barriga vazia
3-Meninas, evitem saltos e roupas desconfortáveis, a caminhada é longa
4-Pra quem quiser levar mochila, uma blusa leve e água podem ser fundamentais no final do trajeto.
5-Seja tolerante com os bêbados, todos estão ali para festejar, é de bom tom que todos mantenham uma cordialidade para evitar problemas.
6-Não deprede patrimônio público e nem privado, o intuito é beber, se divertir, fazer amigos e encontrar amigos distantes.
7-No empório damasco e outros pontos da caminhada, são vendidos salgados, espetinhos etc, procure se alimentar
8-Um engov antes e se lembrar, outro depois

A Rota:

23 bares
23 cervejas
8 km
8 horas

Ribeirão Preto
24 de Julho de 2010(sábado)
concentração:15:30h
local:Esplanada do teatro Pedro II(em frente à choperia pinguim)
procure as pessoas uniformizadas com copo na mão

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Viajar é um talento


o cara dessa propaganda é muito simpático

Viajar é das melhores coisas da vida, mas não é fácil.
Tem gente que compra um pacote na CVC, fica num resort fechado, openbar, se entupindo de cerveja e casquinha de siri, não conhecem a cultura local, não querem conhecer, eles querem apenas descansar.
Na minha opinião, não existe lugar melhor pra descansar do que em casa. Por melhor que seja um hotel, existe sempre algum desconforto, o banheiro é menor, ou então você não recebe seu jornal diário, a TV não tem todos os canais, a cama é diferente e os travesseiros também. E o chuveiro? ah o chuveiro.
Também é loucura pensar como Ryan Bingham. Concordo com o que está escrito na minha carteirinha de viagem, "travel is a means to an end". Por mais que você viaje de primeira classe, um vôo nunca é bom, viagens por terra, podem se mostrar legais, apesar de muitas vezes cansativas. Você conhece melhor os arredores, o caminho etc.
Desde 2007, tento fazer um manual de viagens para mim mesmo, com um critério de avaliação de hotéis e algumas outras coisas, por falta de tempo, organização e muita preguiça, nunca consegui.
Algumas coisas você precisa saber quando se trata de uma viagem de uma semana ou mais, especialmente se você for se deslocar por vários lugares e sem a supervisão de um guia:
1-Você tem que ter um livro amigo:
Tente escolher um livro que tenha alguma relação com a viagem, sempre penso em um livro como um amigo, ele me faz companhia, conta histórias, por isso sempre sofro quando termino um bom livro, é a perda de um bom amigo, mesmo que você o leia de novo, ele nunca será o mesmo.
(Para essa viagem especificamente comecei com Slanted and Enchanted da Kaya Oakes, mas meu amigão mesmo acabou sendo Eating the Dinosaur do Chuck Klosterman)

2-Faça playlists para você mesmo, grave cds:
Algumas músicas sempre marcam uma viagem, algumas por acaso, outras pelo fato de terem sido lançadas na época, tente criar playlists com músicas que você goste, a vida fica melhor com música.

3-Existe sempre um momento ruim em uma viagem:
Em algum ponto da viagem sempre acontece algum perrengue, é um pneu que fura, algum bem roubado ou perdido, saudade de casa, fotos que se perdem. São coisas que assim como na vida, têm que ser superadas. Não é fácil, mas é preciso, para isso, tente mudar algo, coloque uma roupa diferente, vá a um cabeleireiro e peça um corte especial, pense que as oportunidades são poucas e não é reclamando que se faz uma boa viagem.

4-Arrisque:
Faça coisas que você normalmente não faria, cante no meio de uma multidão, tente conversar em alemão com um japonês, fique sem dormir, quando você é ousado as coisas acontecem mais fácil e a viagem fica mais legal e surpreendente.

Crie suas próprias rotinas de viagem, mas mais importante, não deixe que essas rotinas te atrapalhem, é sempre bom estar aberto.

The times they are a-changing

Lembro vagamente que a seleção espanhola foi uma sensação na copa de 86, foi a primeira vez que eu ouvi o termo fúria para descrever o time de futebol. Apesar das grandes atuações e Butragueño, a equipe acabou sendo eliminada pela Bélgica. De lá pra cá a Espanha ficou conhecida sempre por apresentar um bom futebol, mas não ir muito longe em copas.
A seleção holandesa também sempre foi famosa por seu futebol ofensivo, mas se não ganharam nem com Cruyff, não iria ser com jogadores medianos que conquistariam um título.
Em uma final das mais chatas da história, talvez perdendo só para a de 1994, a Espanha sagrou-se campeã e eu comecei a pensar, "como vou viver em um mundo onde a Espanha já ganhou um título?".
É complicado explicar certas coisas para as novas gerações, explicar que o Ronaldo não é apenas um gordo que joga no Conrinthians, por exemplo. Que em 2002 ele sozinho fez o mesmo número de gols que a seleção espanhola fez na copa inteira.
É a vitória de um futebol chato, é a primeira vez que um time ganha uma copa depois de começar o torneio com uma derrota, além disso, os espanhóis não ganharam nenhum jogo por mais de 1 gol de diferença, sendo que marcaram 2 gols apenas contra a seleção chilena, os outros jogos foram todos vencidos por um 1 a 0 sofrido, chorado.
Mas é uma mudança, a Espanha pode nunca mais ganhar alguma coisa, mas são campeões do mundo.
Eu estava em Paris e a festa espanhola foi grande, a avenida Champs Eliseé ficou tomada por espanhóis que estavam na França, eu imagino a loucura que deve ter sido em Madrid. Quando algumas amigas reclamavam do exagero das comemorações eu dizia "deixa os caras, é a primeira copa deles e o torneio existe há 80 anos, se fosse eu faria pior".

Alienação?

Acho que quem fala de copa do mundo como uma mera alienação, algo superficial, não entende a profundidade que ela tem na economia, cultura e demais setores não só do país sede, mas de todo o mundo.
A CNN fez uma cobertura bonita, provavelmente tentando explicar para um público que não dá a mínima para Copa do Mundo, o por quê de sua importância, explicaram os desdobramentos econômicos.
A revista Time em uma coluna, demonstrou como um evento dessa grandeza mudou a forma de pensar da África do Sul e auto-estima de sua população.


sexta-feira, 2 de julho de 2010

A pátria de chuteiras.

Não é verdade que temos 190 milhões de técnicos, o que temos, são 190 milhões de corneteiros(ou em tempos de África do Sul, vuvuzeleiros) durante 1 mês a cada 4 anos.
Nessa época todos vestem a camisa, tem opinião formada, mesmo sem nunca ter assistido a um jogo da seleção.
Agora, enquanto a vuvuzela dá seus últimos suspiros, o que a mídia tenta fazer, é achar culpados para a derrota e, criticar um técnico que os "maltratou" nos últimos 4 anos.
Em primeiro lugar, é uma soberba do brasileiro achar que vamos ganhar sempre, temos bons jogadores, mas copa do mundo é o torneio mais difícil que existe no planeta, existem grandes jogadores que nem sequer chegaram a disputar um torneio desse calibre.
Faço uma defesa ao Dunga que me faz voltar até 2006.
Em 2005 o Parreira montou uma equipe que jogava com uma magia poucas vezes vista no futebol atual. Foi criticado, "faltou volantes" diziam alguns, outros falavam que a preparação tinha sido muito aberta. O saldo foi Roberto Carlos como grande vilão em campo e, o treinador também "apedrejado" publicamente.
Ora, Dunga fez exatamente o oposto e, com competência, montou um time equilibrado, seu único erro foi confiar demais em seus titulares. Deveria ter levado mais um jogador criativo para o meio, para o caso de uma eventualidade como a de hoje.
Fora isso, ele fez tudo o que podia e devia ser feito, acabou com os privilégios da Globo, o que irritou muito a emissora carioca. Também era bruto nas entrevistas, mas a queixa que deve ser feita nesse caso é de educação, não de incompetência.
Agora a imprensa brasileira corre para tripudiar em cima de mais um treinador, além de achar culpados em campo, vamos a eles:
-Felipe Melo:estava fazendo uma partida irrepreensível até ser expulso, se ele não estivesse em campo o jogo teria sido 2 a 0 Holanda, ou até mais.
-Júlio César:falhou no primeiro gol, e falhou feio, mas até aí o jogo estava só 1 a 1.
-Michel Bastos:criticado até antes de entrar em campo, fez um bom trabalho marcando Robben, tomou cartão amarelo em um lance que nem falta foi.
-Kaká:é um jogador que gera grande expectativa, porém há que se levar em conta que o cara não jogava faz muito tempo, não estava fisicamente 100%, apesar de tudo realmente deixou a desejar.

Fato é que o time todo teve um apagão no segundo tempo e, apesar dos erros pontuais, não é possível colocar a derrota na conta de um só jogador, nem do técnico.


Mais vale o sem recurso malandro, que o virtuoso inocente

Gostaria de comentar aqui também, sobre o jogo do Uruguai.
Foi um jogo gostoso de assistir, com ambas as equipes indo ao ataque, em minha opinião, Ghana teve mais chances de gol, e foi mais pra cima na prorrogação, merecia ter saído com a vitória por vários motivos de jogo, além de proporcionar alegria não só para os Ghaneses, mas para todo o continente Africano, seria uma classificação inédita.
Quando eu digo que o resultado foi injusto, muitas pessoas se apressam em dizer, "não, o cara colocou a mão, foi expulso e marcado o penalti".
OK, concordo que o resultado foi licito, mas nem tudo que é licito é justo. Imagine um país sem nenhuma tradição, estádio lotado, depois de 120 minutos de jogo, um rapaz de 24 anos tem toda a responsabilidade nas mãos, não é tão simples assim.
Há quem vá dizer, o cara errou o penalti, teve sua chance e jogou fora. Tudo bem, verdade, mas existem duas coisas que me incomodam.
1-A vitória a qualquer custo, fazer uma falta, ou meter a mão na bola para evitar um gol, se torna louvável. Sugiro então à Nike que inclua no "write the future" a mãozada do Suarez.
2-O endeusamento do infrator:
2.1-Ouvi alguns comentaristas dizendo "Suarez seria o vilão e virou herói, ele estava fazendo o Uruguai perder...". Em primeiro lugar a culpa da derrota não seria dele, pelo contrário, ele tinha salvado o chute do Appiah, a culpa pela derrota jamais seria dele, porque se ele não mete a mão, a bola entraria e Ghana se classificaria, era o último minuto de jogo. Em segundo lugar, é um reflexo e último recurso(na minha opinião anti-desportivo), não existe nenhuma genialidade em tirar uma bola com a mão, a não ser que você seja um goleiro pegando uma bola indefensável, o que não era o caso.
2.2-Outra coisa que me incomoda, é essa glamourização do cara que quer a vitória a qualquer custo, da malandragem. Imaginem, salvas as devidas proporções, um empresário que tenha uma empresa e, que não pague os direitos trabalhistas de seus funcionários, depois de muita negociação, o cara vende a massa falida, decreta falência, e vai viver uma vida confortável com dividendos e lucros obtidos dessa venda. Enquanto isso, seus antigos funcionários ficam desempregados e sem ter o que fazer. Você não vê ninguém dizendo que esse empresário foi gênio, o que ele fez é licito, mas será que é justo?


É copa do mundo

Hoje acordei com uma narração no rádio, me assustei, achei que tivesse acordado atrasado.
Vi que ainda faltava um tempo pro jogo, mas resolvi acordar mesmo assim, não conseguia mais dormir.
Se com o Chile eu já tinha uma pulga atrás da orelha pelo favoritismo exagerado, com a Holanda meu coração amanheceu batendo forte.
Em 74 eu ainda não tinha nascido, mas em 94 lembro de um jogo fácil que quase complicou, quando eles empataram eu achei que a vaca foi pro brejo. O Branco fez umas 2 faltas antes cavar uma falta que não existiu, que canhão amigo, e o Romário mostrou que tem jogo de cintura.


Em 98 não tem o que falar, foi um dos melhores e mais tensos jogos da minha vida, meu pai estava no estádio, sortudo. Revendo ontem no youtube, o jogo poderia ter sido uns 5 a 4 pro Brasil e seria normal, Kluivert toda hora com a mão na cabeça, parecia que a qualquer hora iria dançar o rebolation. E dançaram mesmo nos penaltis.


Mesmo com todos os gols perdidos por Ronaldo e Rivaldo, fomos à final, na hora pensei, "vamos ser campeões". Não fomos por uma circunstância do destino, até hoje não acredito e, pra mim, toda a história ainda é muito estranha.
Tenho até minhas dúvidas se Zidane teria sido esse mito que foi, caso o brasil tivesse metido 3 a 0 na França, aquele campeonato elevou não só o futebol de Zizou, como de todos os Bleus.

Não temo muito o Robben hoje, mesmo sendo Michel Bastos o seu marcador.
A Holanda sempre teve pontas perigosíssimos, lembro o pesadelo que era enfrentar os "pontinhas" no playstation 1, e isso continuou no playstation 2 e agora no 3.
Mas esse ano os pontinhas não me preocupam tanto, quem me preocupa é o cérebro, Sneijder. O que me preocupa é essa invencibilidade deles, o técnico precavido deles, assim como o Dunga. Sim, ao contrário da maioria, não acho que sejam retranqueiros, são times bem armados.
Temo pelos jogadores pendurados brasileiros, e se eles ficarem com receio de tomar o segundo cartão e não dividirem todas como devem?
A graça de copa do mundo é toda a mística, os números, tabus, superstições, e tudo mais que envolve o evento extra-campo, e é o mesmo tipo de coisa que me deixa mais nervoso nesse momento.
Não vou aqui arriscar um placar nem nada disso, me limito aqui a desejar:

Boa sorte Brasil.