quinta-feira, 25 de novembro de 2010

É tempo de estagnar


O discurso de mudança é sempre muito sedutor, nossas vidas muitas vezes entram em uma rotina insuportável, e quem é que não quer mudança?
Mudança de ares, de ideias, mudanças até banais, de corte de cabelo, roupa ou algum outro produto que preencha um vazio.
Recentemente na campanha eleitoral americana, o presidente eleito, Barack Obama, usou um discurso de mudança, "It's time for change", e posteriormente o slogan que ficaria famoso no mundo inteiro, "yes, we can", referindo-se à capacidade do país de mudar sem se comprometer. Essa mudança, entretanto, era mais que necessária, todos conhecemos a história recente do país com o presidente Bush, que não bastasse ter aos poucos minado a economia nacional, ainda criou guerras e um ódio do mundo aos EUA. É mais do que evidente que nesse caso a mudança era necessária.
Estamos em plena disputa eleitoral no curso de jornalismo para eleger a chapa que sucederá a atual gestão.
Entre elas, uma que propõe o seguimento das lutas já travadas, e algumas mudanças, para o que eles entendem, sejam melhorias necessárias, mas basicamente, o discurso e até alguns integrantes são os mesmos da atual gestão.
Usei o vídeo da ótima propaganda do rugby, para ilustrar que nem sempre a estagnação é ruim, se o que você está fazendo é o melhor, que assim continue.
Nada contra a outra chapa, que tem algumas pessoas até simpáticas, mas para mim, falta estofo, conhecimento sobre o movimento estudantil. Apesar de eles terem algumas posturas até polêmicas, isso se mostra apenas como um discurso de campanha, falta planejamento.
É por isso que declaro aqui meu completo e irrestrito apoio à chapa desassossego, que se siga o mesmo caminho que tem dado certo na atual gestão.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O pós-ocupação

Como a maioria das pessoas que militavam disseram, a luta não acabou na ocupação.
Nessa terça-feira aconteceu uma reunião com o Consad, onde foram atendidas algumas reivindicações. O movimento estudantil, conseguiu algumas vitórias, e após uma nova assembleia, foi decidido que não seria feita uma nova ocupação.
Por alguns motivos pessoais, acabei não participando das reuniões desta semana, então minha visão é mais externa do que nunca.
Também fiquei sabendo de algumas informações que no calor da desocupação, enquanto ajudava o pessoal a reorganizar a reitoria, não tive acesso. O fato é que existiam algumas informações sobre uma possível invasão por parte de uma tropa de choque até a segunda-feira que se passou.
O receio de alguns estudantes, é de que com a iminência de uma invasão por parte da polícia, houvesse uma desmoralização do movimento estudantil, e uma possível desarticulação do movimento. Eu não estava na PUC no ano de 2007, mas pelos relatos de colegas, realmente foi o que aconteceu, e demorou bastante tempo para que os estudantes voltassem a se mobilizar.
Eu, particularmente, continuo achando que talvez as vitórias pudessem ser mais significativas caso a ocupação permanecesse por mais tempo, algumas das conjunturas, por exemplo, eram diferentes das de 2007, quando a própria reitora chamou a polícia para desocupar a reitoria.
Todos temos nossas convicções, e a da maioria venceu, e nos dois sentidos da palavra, já que conseguiram que algumas reivindicações fossem atendidas.
Faço aqui então um ctrl+c, ctrl+v descarado do blog da ocupação, para mostrar as vitórias estudantis
É de fundamental importância que os estudantes acompanhem o blog da ocupação e o blog do CA Benvides Paixão(no caso dos futuros jornalistas), para se inteirar de calendários e novidades, além é claro, e principalmente, participar de reuniões e assembleias. Só assim o estudante pode participar ativamente do movimento estudantil, mesmo que ele seja contra algumas lutas. Essa é a melhor maneira de se fazer ouvir.
Por último, gostaria de dizer que todos os processos são muito mais democráticos do que alguns pensam, muitas vezes eu mesmo me frustrei com algumas derrotas(derrotas das minhas convicções por votação da maioria), como foi o caso da desocupação.

segue abaixo as reivindicações estudantis e as respostas dadas pela administração da PUC-SP:

Mensalidades

Hoje – Consad quer aumentar as mensalidades para 12,5% com base no aumento da inflação, no dissídio coletivo dos professores e no índice de inadimplência na PUC (em torno de 3%)

Reivindicação do Movimento: Redução imediata das mensalidades

Proposta do Consa - Reajustar as mensalidades em 9,5%, ou seja, diminuir o reajuste em 3%.

Bolsas de estudos

Hoje – Nenhuma bolsa de estudos integrais da Fundasp foi cedida nesse ano.

Reivindicação do Movimento: Abertura do edital de bolsas, cedidas pela Universidade

Proposta do Consad – Abrir um edital cedendo entre 50 a 100 bolsas integrais da Fundação São Paulo + 50 bolsas de Iniciação Científica.

Inadimplência

Hoje – O estudante em dívida com a PUC só podia parcelar sua dívida em 3 vezes, e às vezes, em 5 vezes.

Reinvindicação do movimento: Flexibilização da negociação das dívidas dos inadimplentes

Proposta do Consad – Estudantes terão a possibilidade de parcelar dívida em 3 vezes, caso não seja possível, o direito a parcelar suas dívidas em 5 vezes está garantido.

Bandejão

Hoje – O preço do bandejão é R$8,90.

Reivindicação do movimentoRedução do preço do restaurante universitário

Proposta do Consad – Diminuir o preço do bandejão para R$ 6 (sendo que a Fundasp arcará com o restante do custo). Formar comissão para estudar proposta de ceder bolsa alimentação aos estudantes que não têm como pagar e estudar contrato com a empresa do bandejão.

Criminalização do movimento estudantil

Antes – Ameaças constantes de que os estudantes poderiam ser punidos.

Reivindicação do movimento – Nenhuma punição aos estudantes mobilizados

Compromisso do Consad – Não haverá punição a nenhum estudante por essa ocupação de reitoria.

Auditoria da dívida da PUC-SP

Hoje – Nenhum acesso aos documentos da dívida da PUC. São feitas 3 auditorias (PIG, Ministério Público, Receita Federal).

Reivindicação do movimento – Auditoria da dívida da PUC feita pela comunidade

Proposta do Consad – Aceitaram que a comunidade organize e faça uma auditoria da dívida da PUC, contanto que se mostre “seriedade”, seja “profissional”.

Centro de Educação Infantil (CEI)

Hoje – As mães e pais (estudantes, professores e funcionários) que têm filhos pequenos não têm nenhum lugar concedido pela universidade para deixarem seus filhos.

Reivindicação do movimento – Criação de um centro de educação infantil, para estudantes e trabalhadoras deixarem seus filhos

Proposta do Consad – Se reunir com Hélio Deliberador (pró-reitor comunitário) e Márcia Alvim (diretora de campus) para discutir proposta de criação de um CEI na PUC. Preparar projeto que contemple isso.

Trabalhos terceirizados e contratos dos professores

Reivindicação do movimento – Fim do contrato maximizado dos professores; Incorporação dos funcionários terceirizados ao quadro de funcionários da Universidade;

Consad - Discutir em próxima reunião a importância da efetivação dos funcionários terceirizados ao quadro de funcionários da PUC e o respeito aos direitos dos professores. Isso também está sendo trabalhado pelas entidades de professores e funcionários.

Desconto nas mensalidades para o curso de Serviço Social

Essa promessa já havia sido feita na reunião do Consad no dia 18/11. Apesar da manutenção do desconto e da matrícula dos inadimplentes, essas respostas ficaram um pouco vagas, mas eles mostraram-se favoráveis depois de muita insistência.

Propostas da Assembléia:

  • Congresso de estudantes da PUC para 2011
  • Organização da Calourada Unificada em todos os cursos e com todos os CA’s
  • Campanha do movimento na matrícula dos novos estudantes
  • Uma sólida Comissão de Estudos para estudar a questão das mensalidades e para a criação de uma metodologia para sua redução

Obs: vale lembrar que todas as propostas estão sujeitas a votação em assembléia para sua consolidação.

Agenda

Hoje às 19h30min - Assembléia estudantil na frente da Reitoria
1/12 às 8h30min - Reunião do Consun – na sala 119A

domingo, 21 de novembro de 2010

21 de novembro, dia de São Paul



Hoje o artista mais bem sucedido da história da música entra em campo para desfilar todas as facetas desse sucesso para um estádio lotado.
Ontem no festival planeta terra um amigo me dizia, "se for ver 20 mil pessoas não é tanta gente assim, qualquer show no morumbi leva mais de 60 mil".
A minha resposta foi simples e rápida, "você tem razão, a diferença é que se você juntar todas as bandas que tocaram hoje aqui, elas não venderam nem metade do que o Bon Jovi por exemplo". Que o Paul então nem se fale.
Ontem o Billy "Ronaldinho" Corgan deixou de tocar disarm e 1979, é como se ele quisesse provar alguma coisa pra alguém. O cara briga com a banda inteira e depois quer provar algo.
Com o Paul foi ao contrário, ele fez de tudo para manter os companheiros na banda, mas não deu, a banda inteira brigou com ele.
Bom, aí ele não quis, foi lá e provou pra todo mundo com o wings, que ele era um cara fudido, foi o Beatle mais bem sucedido comercialmente em carreira solo. Se o John tem toda a mística, o Paul tem a competência, o trabalho duro e a longeividade. Quando Lennon já tava fazendo discos merda e se dedicando mais à família, MacCa tava "correndo com a sua banda".
Claro que por causa disso tudo ele talvez fosse também o Beatle mais chato, isso não se discute.
O disco branco foi o primeiro disco que eu ouvi na vida, o album tem várias pérolas, o Paul inventado o heavy metal nele com helter skelter, mas a minha preferia é uma do Harrison, long, long, long.
Mesmo Harrison que o amigo homenageará hoje tocando something, a música mais sincera que um cara pode dedicar à sua amada.
Apesar do Lennon ter dito que tudo o que ele fez foi yesterday, MacCa não guarda mágoa e também homenageia o antigo companheiro. O único que fica de fora nas homengens é Ringo, pelo simples fato de ainda estar vivo.
Eu acredito que algumas músicas podem ensinar e mudar uma vida, que um show de rock pode trazer uma alegria incomensurável. Alguns dos melhores dias da minha vida foram em shows de rock, e algumas músicas ajudaram a sair de grandes fossas, ou pelo menos a suportar melhor certos momentos.
É claro que todos queremos ouvir as músicas de sua carreira solo, ou da fase com os Wings, mas não espere nada menos que êxtase e lágrimas quando as músicas dos Beatles forem executadas.
Todos temos nossas histórias com a banda. Nos primeiros capítulos de "love is a mix tape" Rob Sheffield conta sobre uma fita que ele gravou com seu pai uma tarde, onde eles fizeram um loop de "na na nas" até a fita acabar.
Quando eu ainda morava em Ribeirão Preto, ia para o almoço com o meu pai sempre ouvindo e conversando sobre música. Frequentemente a música e a conversa esbarrava nos beatles, e foi ele quem primeiro me apresentou a banda, então sempre quando eu ouvir uma música deles vou lembrar do meu pai.
Enquanto eu vou terminando este texto, vou ouvindo algumas músicas do Paul, e umas dos Beatles. A hora que tocou hey jude, o mesmo amigo do começo do post veio me dizer, "o Paul é tão bom que é capaz de ele tocar disarm e 1979". Eu espero que não, ahaha, afinal ele tem um repertório muito maior e melhor para perder tempo com essas músicas que marcaram uma época, mas não tem a universalidade das canções de Paul McCartney.



sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Everyboy wants to rule the world (NOT)


Vou tentar dar um tom bem-humorado para esse texto, porque a frustração é tão grande que beira até outros sentimentos menos nobres.
Eu poderia até dar o título para esse post de "grandes analogias infelizes da humanidade", em relação à comparação que eu fiz com a revolução russa. Volto a afirmar que a organização e competência dos estudantes foi ímpar, mas a analogia se mostrou infeliz.
Ao invés disso, dei o nome de uma música do Tears for Fears, se for ver, tears for fears casa bem com o que aconteceu na desocupação da reitoria, e essa foi a primeira música que tocou no rádio do meu carro quando eu estava voltando (muito) decepcionado para casa. Travesseirinho debaixo do braço e muita vontade de largar tudo.
A assembleia marcada para a noite teve início com bastante atraso, mas o pior foi o que aconteceu depois que ela começou. Com a movimentação dos estudantes, muitas pessoas aproveitaram para fazer discursos partidários(coisa que até então não tinha acontecido), o que começou como um "apoio" à ocupação se desdobrou em longas falas.
Depois de mais de duas horas de reunião, foi votado sobre a manutenção ou não da ocupação. Com vitória por 1 voto pró ocupação.
Após mais duas votações, devido ao acirramento de opiniões, a desocupação acabou vencendo por 5 ou 6 votos.
Alguns dos integrantes dos centros acadêmicos votaram a favor da desocupação com uma preocupação super válida. Havia um receio de que invasões policiais se tornem rotina na universidade, já que na última ocupação, a própria reitora Maura Veras pediu a presença dos PMs. A outra justificativa é que durante o fim-de-semana se tornaria mais difícil manter a ocupação, já que muitos estudantes costumam ir para casa. Além do temor de que pudesse haver violência policial.
A minha opinião é que apesar de válidas as justificativas, isso deveria ter sido pensado antes da ocupação, pois seriam coisas iminentes a partir do momento que a decisão foi tomada. Acho a posição no mínimo esquizofrênica, já que muitas das pessoas que votaram pela desocupação na sexta a noite, foram as mesmas a propor a ocupação na quinta-feira de manhã. Não se muda de convicção da noite pro dia.
Decepções a parte, acho que a atitude deixa os estudantes sem muita força para pressionar o Consad, órgão máximo da universidade, já que a ocupação é a última arma dos alunos para tentarem ser ouvidos.
Durante a desocupação, que ocorreu com a mesma rapidez e eficiência que a ocupação, alguns estudantes falaram sobre uma nova ocupação caso as reivindicações sejam ignoradas, o que eu acho quase impossível. Eu mesmo sou contra uma nova ocupação, apesar de continuar apoiando as causas, e achar que deve ser mantido o diálogo com a reitoria, me abstenho totalmente de qualquer manifestação futura.
Fora isso, espero nunca mais ser chamado de companheiro por alguém, minha única companheira é minha namorada, e até ela tá me abandonando pra ir morar fora.

Alguns saldos positivos da ocupação:
-Foi criado um blog ontem e que somente no dia de hoje teve quase 3 mil acessos de pessoas diferentes
-A presença da ocupação foi noticiada aos quatro cantos, e apesar da imprecisão de alguns jornais, ou a parcialidade, o assunto se tornou público
-Apoio de várias entidades e estudantes de outras universidades, esse tipo de coisa tende a unir o movimento estudantil que anda bem fragmentado(só não sei como a notícia da desocupação vai ser recebida por esse pessoal, espero que nada mude)

Fora isso, espero que as reivindicações sejam levadas em conta pelo reitor Dirceu de Mello e pelos padres João Júlio e Rodolfo, da Fundação São Paulo(órgão da igreja católica) que são os outros integrantes do Consad com direito a voto nas decisões. As reivindicações são legítimas e possíveis.

é isso.

2 dias que abalaram a PUC

Quem leu 10 dias que abalaram o mundo se lembra do trecho em que os bolcheviques ocupam alguns prédios públicos e algumas pessoas começam a roubar bens presentes nos recintos. Imediatamente as lideranças impedem que isso aconteça dizendo "camaradas, não vamos dar motivos para que desmoralizem nosso movimento"(to puxando de memória, não sei se a citação está correta, mas se não for isso é quase isso).
Na reitoria da PUC o processo é parecido, a diferença é que ninguém nem tentou saquear nada, pelo contrário, existe uma preocupação muito grande por parte dos estudantes para que não se roube ou danifique qualquer patrimônio da faculdade. Algumas salas e móveis chegaram a ser isolados para uma maior proteção.
Escrevo este texto com um pouco de distanciamento porque não estive presente em todos momentos.
O que mais impressiona é a rapidez, capacidade de mobilização e organização dos alunos.
A ocupação foi feita às 11 da manhã do dia 18, quinta-feira, e quando cheguei na reitoria algumas horas depois, já existiam diversos cartazes colados com informações e reivindicações da causa.
Foram criadas comissões para cada setor: limpeza, segurança, comunicação e cultura. As tarefas são bem divididas mas quando necessário os integrantes de algum setor ajudam em outros, pois como as aulas não foram paralisadas, existem momentos em que determinados setores acabm ficando com poucos integrantes.
Eu mesmo já cozinhei, fiquei controlando a portaria, conversei com pessoas, ajudei na escolha de fotos para colocar no blog da ocupação , e o que mais apareceu.
Ao contrário do que foi publicado em alguns dos grandes veículos de comunicação, não houve nenhum tipo de violência, a ocupação não poderia ter sido mais pacífica e civilizada. Outra informação errônea de vários jornais é a de que ainda não existem reivindicações e ou que a reitoria e Consad os desconhecem.
Existem várias reivindicações como já descrevi no post anterior, a principal delas é que se faça uma redução relativo ao que foi aumentado superior à inflação de acordo com o curso.
Por exemplo, se em cinco anos houve uma inflação de 30%, de acordo com o IPC, e digamos que, nos mesmos cinco anos tenha ocorrido um aumento de 42% no curso de administração de empresas, a proposta é que se faça uma redução de 12% que é o que foi ultrapassado em relação à inflação.
Enquanto escrevo isto, acontece mais uma assembleia dos estudantes, e apesar do temor de uma possível invasão por parte da polícia-foi colocado no movimento um factóide, sabe-se lá por quem, que uma tropa policial já se prepara, puro boato. Alguém disse que existiam policiais em algum lugar no pacaembu, não há nenhuma relação com a PUC.
Em alguns minutos informo a decisão tomada.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ocupação da Reitoria e reivindicações

Como alguns já devem saber, hoje de manhã houve uma ocupação da reitoria da PUC-SP. Como muita gente criticou a atitude, pretendo aqui contextualizar um pouco tudo o que tem acontecido.
É compreensível que após um período de greves, alguns estudantes se sintam frustrados.
Em primeiro lugar, quero dizer que a ocupação não atrapalha em nada o aluno que é contra as reivindicações.
A greve tinha várias reivindicações e de todas elas a única atendida foi a implementação da Agência Online, é uma vitória, mas não basta.
Enquanto ocorria a greve, paralelamente, estudantes de todos os cursos fizeram um abaixo-assinado com mais de 2 mil assinaturas.
As as principais reivindicações eram:
-Redução das mensalidades
-Abertura de editais de bolsas
-Redução dos preços do bandejão
-Auditoria da dívida da PUC
-Democratização da faculdade
-Criação de creche para alunas e professoras que tenham criança pequena.

Na última reunião do Consad, os estudantes entregaram o abaixo-assinado para o Reitor e demais membros, quando o Reitor se prontificou a analisar e dar uma resposta na reunião que aconteceu hoje de manhã(18 de novembro).
Como todas as reivindicações foram ignoradas, os alunos optaram pela ocupação da reitoria.
Essa ocupação se deu agora por 2 motivos:
-porque um abaixo assinado com quantidade expressiva de estudantes foi ignorado
-porque é no fim de ano que o Consad aprova o orçamento para o próximo ano e, se mantido o histórico recente da universidade, corre-se o risco de um aumento significativo nas mensalidades.
Vale lembrar que essa manifestação não tem nenhum cunho político, e os únicos favorecidos serão os próprios alunos. Nós estudantes do primeiro ano, não sabemos muito, mas o diálogo, a solução mais viável, foi tentado em diversas ocasiões anteriores.
As pessoas com tranquilidade financeira, e esse é o meu caso, às vezes se esquecem da atual conjuntura do mundo e país que vivem.
É claro que todos os estudantes da PUC têm consciência de que a faculdade é paga quando passam no vestibular, o problema é que como as universidades públicas são muito disputadas, as vagas acabam sendo preenchidas por pessoas que tiveram poder financeiro para ter uma educação melhor, logo, a faculdade paga se torna a opção que resta para essas pessoas, que dependem de bolsas de estudos ou financiamentos universitários. Nos dois casos, a política recente da PUC vem dificultando a permanência desses estudantes na faculdade, e não é porque eles não têm dinheiro que têm que ser excluídos da sala de aula.
Muitos não sabem, mas na minha própria sala acontecem práticas vergonhosas com inadimplentes, simplesmente pela falta de negociação e burocracia da PUC. Em alguns cursos, as aulas foram colocadas em salas menores constrangendo os alunos e impedindo que inadimplentes pudessem ter aula, sem contar a ausência de seus nomes na lista de chamada e demais atrasos burocráticos para esse tipo de estudante que gostaria de pagar a faculdade em dia, mas que por problemas acaba tendo que priorizar o aluguel, a comida e outras coisas básicas para a sobrevivência.

Espero que esse post possa ter sido esclarecedor para as pessoas que não acompanharam tão de perto o processo, e que elas possam entender os motivos, nada superficiais dessa ocupação.

é isso.





domingo, 14 de novembro de 2010

O bom jornalista

Recentemente conversei com uma amiga sobre minhas decisões bombásticas que mudaram bastante o rumo da minha vida, enquanto ela falava sobre sua filha e a vida.
Ela fez uma afirmação que ficou na minha cabeça, "se é isso que você realmente gosta, estude, seja o melhor".
Comecei a refletir então sobre como eu seria o melhor, ou quais características eu deveria ter para ser um jornalista bem sucedido.
Enquanto meu professor de introdução ao jornalismo, um dos melhores e mais rígidos da faculdade, corrige cada vírgula do meu texto, "o texto está bom, mas ainda continua com erros de pontuação", e me fala sobre não trocar os nomes das pessoas nas provas, "se você fizer isso em um jornal você é despedido na hora", eu penso se isso é realmente verdade.
Sou assinante do Estadão e percebo que muitas vezes existem erros de pontuação, de informação, de nomes e de outros campos, mesmo assim esses jornalistas voltam a escrever no dia seguinte, e até gente muito boa erra.
No jornal de sábado passado por exemplo, o Jotabê Medeiros- que é uma inspiração, pois carrega as matérias de música nas costas, faz de tudo mesmo- escreveu que fez uma entrevista com o baterista de Paul McCartney, após a apresentação deles "no campo do River em Porto Alegre".
Outro dia também estava lendo uma entrevista da Lynn Hirschberg com o Tom Cruise na Rolling Stone. A revista, que não é nem sombra do que já foi um dia(pelo menos em sua versão americana), trazia uma matéria da jornalista- que recentemente teve uma grande polêmica com a cantora MIA, fazendo inclusive com que o New York Times publicasse uma notinha de retratação-, babando ovo para o então jovem astro de hollywood.
Isso aí me fez perceber que uma visão crítica apesar de ajudar, também não é tão necessária, se Hirschberg chegou onde chegou fazendo perfis superficiais de artistas, é porque isso é secundário.
Tudo isso me leva a crer que a qualidade principal para ser um bom jornalista, seria conhecer pessoas, engolir sapos, ser sociável etc. Ora, se eu tivesse todas essas características, teria ficado em Ribeirão Preto ganhando mais do que muito editor chefe, já que os baixos salários na profissão são notórios até para pessoas pouco informadas.
Sei que estou longe de ser um bom jornalista, preciso, como observou meu professor, melhorar meu texto, aumentar minha cultura, falar mais línguas, e estou estudando para isso, mas o que mais me decepciona às vezes são alguns anúncios de estágio na linha "precisa-se de estagiário que seja fluente em inglês, espanhol desejável, bom texto, conhecimento de informática, comunicativo, culto, viajado etc etc etc. Bolsa de 500 reais".
Me pergunto, como é que um jovem vai manter esse nível de competência e intelectualidade, quando ganha menos que uma salário mínimo?
O mais impressionante é que, apesar de todas as reclamações, abusos, horários ruins, salários baixos, a classe não se mobiliza Quem tem a sorte de ter um emprego legal pensa no próprio umbigo e defende o jornal como se fosse o proprietário.
Do jeito que está, o jornalismo ainda vai pro buraco.

O futebol brasileiro não é sério

Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer que não acredito que o campeonato esteja comprado. Para mim existem pressões e casos pontuais que acabam sendo decisivos, e que acontecem fora de campo.
O meia Roger do cruzeiro, em entrevista à ESPN voltou a falar do campeonato brasileiro de 2005, quando ele fazia parte da equipe corinthiana.

O campeonato é um dos mais polêmicos da história, e na época ficou claro que existiram pressões devido ao grande aporte financeiro da parceira corinthiana.
A MSI havia investido milhões na formação de um grande time, contratando craques como Tevez, Nilmar, Carlos Alberto, Roger e outros. Essa grande equipe, entretanto, teve muita dificuldade durante todo o ano para ganhar títulos e se firmar.
Após a vitória São Paulina do campeonato paulista, e uma eliminação nos pênaltis para o Figueirense na copa do Brasil, o campeonato brasileiro viria para salvar o ano e manter o sonho da classificação para a tão sonhada libertadores.
O campeonato teve jogos anulados e ficou manchado, é o caso mais polêmico da história do futebol nacional com jogos comprovadamente manipulados pelo juiz Edílson Pereira de Carvalho.
Vale destacar que esse tipo de escândalo não é exclusivo do Brasil. A Itália por exemplo já teve vários casos na mesma linha, a diferença é que lá existem punições e decisões mais coerentes.
O campeonato italiano por exemplo ficou sem um campeão na temporada 2004/2005, e na temporada 2005/2006 a Juventus foi rebaixada e o Milan também perdeu vários pontos após comprovada a existência de jogos arranjados. Após a perda de pontos por parte de Juventus e Milan, a Internazionale foi declarada campeã.
Ano passado, mais uma vez tivemos algumas coisas estranhas no campeonato brasileiro. Além do papelão corinthiano contra o flamengo, algumas decisões do STJD indignaram profissionais e torcedores, como ganchos para Vagner Love(que ainda jogava no Palmeiras, que disputava o título) e jogadores do São Paulo na reta final do campeonato.


Como já é comum na pátria de chuteiras, a arbitragem também errou feio em alguns jogos fundamentais. O flamengo que vinha de uma arrancada, ainda contou com uma ajudinha do time gremista, que entrou em campo com uma equipe reserva na última e decisiva rodada do campeonato.

A disputa atual já vai ficando com cara de corinthians, mas mais uma vez a arbitragem é quem decide.




Esse ano porém, alguns aspectos políticos escancaram ainda mais possíveis pressões aqui e ali, para que o campeonato seja decidido a favor do time alvinegro.
O presidente corinthiano, Andrés Sánchez, fez parte da delegação brasileira na copa do mundo, e tem boa relação na CBF.
Seria possível afirmar que existem alguns interesses para que o corinthians não passe o ano do centenário em branco, mas eles vão além disso.
Como todos bem sabem, teremos uma copa do mundo em 2014, e São Paulo, a maior cidade brasileira, ainda vive um imbróglio na escolha de seu estádio sede.
O Morumbi, após diversas revisões e vistorias, foi descartado. A arena Palestra Itália com 45 mil lugares não comportaria uma abertura de copa, o que aponta para uma provável escolha do estádio corinthiano, apelidado carinhosamente de Fielzão pela torcida.
Não vou nem entrar no mérito da escolha que foi feita sem muito critério, o projeto do estádio ainda é uma incógnita, e usa dinheiro público para a sua construção por meio de um financiamento do BNDES. Também não quero aprofundar sobre a maneira estranha que vem sendo tratada a ampliação do estádio. O time até agora tem o dinheiro para fazer uma arena de 45 mil lugares, estimada entre 300 e 350 milhões de reais, e precisa de quase o dobro desse valor para a construção do estádio com 70 mil lugares.
Sabe-se lá daonde virão os 200 milhões que faltam para a realização do projeto, mas o que uma pessoa inteligente pode fazer é somar um mais um, e perceber que com o Corinthians campeão, a visibilidade do time, a facilidade de arrumar novos patrocinadores e parceiros será muito maior. Sem contar que ganhando o campeonato, o time de Parque São Jorge ganha dinheiro de premiações entre outras coisas. Só lembrando que o banco panamericano, dos principais patrocinadores atuais do "timão" está quebrado.
Entregar o campeonato para o corinthians é uma forma muito fácil por exemplo de resolver esse problema do estádio.
Mais uma vez, quero dizer que não acho que o campeonato esteja comprado. O que pra mim com certeza existe, é o favorecimento em um jogo ou outro, mas que são extremamente decisivos para que se tenha o campeão.
O que mais me frustra nisso tudo, é que quem gosta de futebol acompanha o campeonato por 8 meses, torce, sofre, se emociona, para que o campeonato seja decidido por fatores extra-campo e de acordo com alguns interesses.
Esse tipo de coisa mancha o espetáculo, parece que não é possível um campeonato disputado sem adulteração.
Teremos assim sempre campeonatos cheios de asteriscos, o futebol perde com isso.

ps-a edição dos vídeos e as opiniões que constam neles não são a minha opinião, usei os vídeos apenas para ilustrar lances polêmicos e duvidosos.







terça-feira, 2 de novembro de 2010