domingo, 14 de novembro de 2010

O bom jornalista

Recentemente conversei com uma amiga sobre minhas decisões bombásticas que mudaram bastante o rumo da minha vida, enquanto ela falava sobre sua filha e a vida.
Ela fez uma afirmação que ficou na minha cabeça, "se é isso que você realmente gosta, estude, seja o melhor".
Comecei a refletir então sobre como eu seria o melhor, ou quais características eu deveria ter para ser um jornalista bem sucedido.
Enquanto meu professor de introdução ao jornalismo, um dos melhores e mais rígidos da faculdade, corrige cada vírgula do meu texto, "o texto está bom, mas ainda continua com erros de pontuação", e me fala sobre não trocar os nomes das pessoas nas provas, "se você fizer isso em um jornal você é despedido na hora", eu penso se isso é realmente verdade.
Sou assinante do Estadão e percebo que muitas vezes existem erros de pontuação, de informação, de nomes e de outros campos, mesmo assim esses jornalistas voltam a escrever no dia seguinte, e até gente muito boa erra.
No jornal de sábado passado por exemplo, o Jotabê Medeiros- que é uma inspiração, pois carrega as matérias de música nas costas, faz de tudo mesmo- escreveu que fez uma entrevista com o baterista de Paul McCartney, após a apresentação deles "no campo do River em Porto Alegre".
Outro dia também estava lendo uma entrevista da Lynn Hirschberg com o Tom Cruise na Rolling Stone. A revista, que não é nem sombra do que já foi um dia(pelo menos em sua versão americana), trazia uma matéria da jornalista- que recentemente teve uma grande polêmica com a cantora MIA, fazendo inclusive com que o New York Times publicasse uma notinha de retratação-, babando ovo para o então jovem astro de hollywood.
Isso aí me fez perceber que uma visão crítica apesar de ajudar, também não é tão necessária, se Hirschberg chegou onde chegou fazendo perfis superficiais de artistas, é porque isso é secundário.
Tudo isso me leva a crer que a qualidade principal para ser um bom jornalista, seria conhecer pessoas, engolir sapos, ser sociável etc. Ora, se eu tivesse todas essas características, teria ficado em Ribeirão Preto ganhando mais do que muito editor chefe, já que os baixos salários na profissão são notórios até para pessoas pouco informadas.
Sei que estou longe de ser um bom jornalista, preciso, como observou meu professor, melhorar meu texto, aumentar minha cultura, falar mais línguas, e estou estudando para isso, mas o que mais me decepciona às vezes são alguns anúncios de estágio na linha "precisa-se de estagiário que seja fluente em inglês, espanhol desejável, bom texto, conhecimento de informática, comunicativo, culto, viajado etc etc etc. Bolsa de 500 reais".
Me pergunto, como é que um jovem vai manter esse nível de competência e intelectualidade, quando ganha menos que uma salário mínimo?
O mais impressionante é que, apesar de todas as reclamações, abusos, horários ruins, salários baixos, a classe não se mobiliza Quem tem a sorte de ter um emprego legal pensa no próprio umbigo e defende o jornal como se fosse o proprietário.
Do jeito que está, o jornalismo ainda vai pro buraco.

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