quarta-feira, 9 de junho de 2010

Hey, rollover DJ



Lembro de ir ao Milo depois do show do Pearl Jam em dezembro de 2005.
Quem estava discotecando era o DJ Guab, que mais pra frente se tornaria uma referência para mim em se tratando de escolher discos para dançar. Mais do que isso, ele é das poucas pessoas que conseguem fazer uma passagem coerente de "Vai passar" do Chico Buarque para "In bloom" do Nirvana.
Um tempo antes disso, eu e mais dois amigos já queríamos fazer uma discotecagem rock, e depois de ver o Guab meu pensamento era "não consigo".
Acho que foi em 2006 que começou a ter em Ribeirão Preto uma festa chamada Hey Ho. Se por um lado eles não tinham a mesma qualidade técnica que o Guab, por outro, tinham uma seleção fantástica, talvez até melhor do que a do DJ paulistano.
Foi aí que eu e meus amigos tomamos coragem e começamos a fazer uma festa chamada Hitburners.

Começamos tocando em Ribeirão Preto no Porão, que era o lugar onde acontecia a Hey Ho e, chegamos a tocar por 1 ano no audio delicatessen aqui em São Paulo.
Apesar de discotecar em vários lugares, sempre tive essa sensação de que precisava melhorar, faltava uma técnica mais apurada, o que talvez tenha me impedido de tocar mais vezes.
Logo que mudei para a capital paulista no começo desse ano, comecei a frequentar alguns lugares que ainda não conhecia: Berlin, Outs, Lions, e ontem o Alberta.
Minha impressão é que o set da maioria dos djs era bem inferior ao meu, e não digo por gosto, faltava coerência e personalidade. E a técnica não era melhor que a minha, algumas vezes até pior.
Como estou apenas estudando no momento, entrei em contato com várias casas noturnas de rock para que pudesse discotecar de vez em quando.A maioria nem se dignou a responder.
Ontem fui ao Alberta #3, uma casa nova na av. São Luis e, o que eu vi não foi nada bom. A noite começou com os DJs tocando músicas óbvias, mas o que é pior, apesar da pista estar relativamente cheia, os DJs estavam dançando mais do que o público, isso é sinal que algo está errado.
Os sets foram piorando, até que uma dupla conseguiu a façanha de literalmente esvaziar a pista. Ficamos só eu e minha namorada, ela me disse "não vou sair daqui, to com dó deles".
No fim da festa entrou um menina que talvez tenha sido o melhor set da noite, no entanto, ela tocou algumas músicas aceleradas sem saber. Quando fui avisá-la, ela me disse "tá mesmo né, onde que mexe?". Além disso, as passagens dela foram as piores que eu já vi em muito tempo, as quais foram compensadas com clássicos como David Bowie e Clash.
Quando eu estava pagando para ir embora ainda vi uma bêbada resmungando "isso aqui é uma merda, depois dessas discotecagens o Bob Dylan se matou, pode olhar no jornal amanhã, ele vai se matar", fazendo uma referência ao imenso plot feito na parede de entrada com uma foto do cantor.

Lembro das pessoas reclamando da cena alternativa de Ribeirão Preto, que realmente é pequena, entretanto, existe lá uma espontaneidade e algumas festas legais que tentam sobreviver no meio de tanta micareta e sertanejo. Lá com alguma vontade você consegue realizar algo legal.
Após minhas andanças no underground paulistano, pude provar que aqui não é necessário conhecer técnica para discotecar, não é preciso nem conhecer música. Para ser um DJ em São Paulo você precisa conhecer alguém.

4 comentários:

d. chiaretti disse...

Bom desabafo. Posso botar meu nome no final? haha.

A indierada de RP devia ir pra SP pra perceber certas coisas... Tem uma galera em RP que reclama sem saber como é o mundo lá fora... haha.

Jorniilista disse...

o porão é ouro, ahahaha

Sophie disse...

mas sério, tem umas festas no porão muito melhores do que aqui. porque lá realmente ninguém vai pelo lugar né (só eu talvez).
e parece que como lá não tem muita opção o povo aproveita mesmo né, aqui o povo vai só pra fazer fita, como você mesmo disse. ahaha

Jorniilista disse...

aqui em sp é um mix de dj ruim com povo que vai pra ver e ser visto