terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ser ou não ser o que você não é? Eis a questão.


Assisti ontem ao filme Gattaca com Ethan Hawke e Uma Thurman. O filme conta sobre um mundo onde a geração dos filhos é feita in vitro, onde as imperfeições são retiradas geneticamente por médicos especialistas.
Isso cria um preconceito com as pessoas que eram geradas da maneira convencional.
Para perseguir seu sonho, o personagem de Ethan Hawke contrata um cara para se passar por uma pessoa geneticamente melhorada, uma vez que ele foi gerado de forma convencional e por isso só conseguia sub-empregos.


Will Smith passa por situação parecida no filme "A procura da felicidade". Ele é um cara que foi despejado, tem o dinheiro contado até para comer, chega a dormir em um banheiro da estação de metrô, e o que é pior, com um filho.
Apesar de não ter uma grande instrução educacional, Smith consegue uma vaga em um treinamento não remunerado, onde ele finge ser um estagiário como os outros, chega até a emprestar 5 dólares indispensáveis para um diretor da empresa que deveria ser na época um zilhão de vezes mais rico. Digo isso porque o filme é baseado em uma história real e o cara depois se tornou muito bem sucedido.



Se o movimento punk criou o do it yourself, mas com isso também veio a importância de ser independente, além de uma sinceridade intrínseca da música.
É engraçado isso porque o ramones tentou a vida inteira fazer sucesso e o visual dos caras e seus nomes mudavam assim que entravam na banda. Você teria que ser o Fulaninho Ramone e ter cabelo tigelinha, devia ser insuportável conviver com o Johnny. Até a postura da banda ao vivo era controlada por ele.



Os anos 80, o tour econo do Minutemen, a consolidação de um movimento independente com fanzines e bandas alternativas, só aumentou a importância de ser auto-suficiente.
O grunge explodiu de toda essa escola, mas a necessidade da sinceridade na arte se tornou quase que insuportável. Kurt Cobain chegou a devolver um lexus comprado por Courtney Love, pois tinha uma certa vergonha da dimensão de sucesso que acabou tendo.
Eddie Vedder que era outro pilar da cena de Seattle também fez de tudo para afastar a fama depois de conquistá-la, algumas vezes isso até soou como hipocrisia.
Muitas vezes o Duran Duran acaba sendo até mais honesto nesse sentido.



Se David Bowie só conseguiu seu maior com Starman, incorporando um alienígena andrógino chamado Ziggy Stardust, e o Kiss conseguiu toda sua fama tampando a cara com maquiagem, hoje em dia você compra até caixão do Kiss se quiser, e tudo isso porque eles criaram um visual diferente.
Na música essa dualidade entre o cara produzido e aquele que toca de calça jeans e camiseta, que se apresenta do mesmo jeito que vai ao cinema ou fica em casa é muito evidente.
A pergunta que fica é o quanto uma pessoa tem que se reinventar para ser bem sucedida, se na música grandes artistas como Bob Dylan, Madonna, Bowie, e na dramaturgia é sempre necessário criar um personagem, quanto disso é preciso para, digamos um jornalista conseguir sucesso?


It's better to be a rolling stone than to be like a rolling stone


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